
A Lei e a Promessa
Gálatas 3:15-25 nos transporta para uma reflexão profunda sobre a maravilhosa relação entre a Lei e a Promessa de Deus. Paulo nos convida a entender que a lei não é um caminho para a salvação, mas sim um tutor que nos conduz até Cristo. A promessa feita a Abraão, de ser justificado pela fé, permanece imutável e se cumpre em Cristo, que é o nosso Salvador. Assim como Abraão olhava para o futuro com fé na promessa, nós olhamos para o passado, para Cristo crucificado, e somos salvos pela mesma fé.
Imagine uma mãe generosa que deixa em testamento uma herança para sua filha. Uma vez feito, ninguém pode alterar ou anular tal documento. Da mesma forma, a promessa de Deus é firme e irrevogável; ela não pode ser modificada pela lei que veio 430 anos depois. A herança de Abraão não foi conquistada pela Lei — que não tem poder salvador —, mas foi um dom gratuito, marcado pelo sangue de Cristo.
Paulo combate os judaizantes que tentavam anular a graça de Deus, insistindo numa observância rígida da lei como um caminho para a justificação. A lei, com todas as suas demandas, nos leva a perceber nossa impotência e necessidade de um Salvador. Ela é como um espelho que revela a sujeira em nosso rosto, mas não pode nos limpar. Só a graça, a fé em Jesus Cristo, realiza essa transformação.
Quando Paulo fala sobre a custódia da Lei, é como um tutor que nos guia até que possamos ser livres. A lei aprisiona, mas Cristo vivifica. Cristo completou a lei internalizando-a em nossos corações pelo Espírito Santo. Assim, não vivemos mais sob a condenação da Lei, mas somos guiados pela lei da liberdade em Cristo.
Chegamos então a uma verdade essencial e libertadora: somos justificados pela fé e não pelas obras. Isso não quer dizer que rejeitamos a lei, mas que a obedecemos com o entendimento de que ela é um guia para viver de acordo com a vontade de Deus, uma expressão do amor que temos por aquele que nos salvou. A verdadeira liberdade se encontra em viver não como queremos, mas como devemos, pois já não estamos sob a tutela que escraviza, mas sob a graça que liberta.
Essa reflexão nos impõe um chamado: viver cada dia na certeza de que somos herdeiros da promessa, não pelo que fazemos, mas pelo que Cristo fez por nós. Cada ação nossa deve partir de um coração agradecido pela salvação gratuita que temos Nele. Que possamos refletir sobre a profundidade dessa graça e permitir que ela nos transforme a cada dia.
Categoria: fé