
Contraste no Evangelho
Na carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo revela um profundo contraste entre a antiga vida pagã dos Gálatas e a nova vida em Cristo. Os Gálatas, antes ignorantes da verdade de Deus, serviam a "deuses" que não eram Deuses de verdade. Com a introdução ao evangelho, eles receberam uma transformação, mas quando se afastam da verdade, retornam aos rudimentos pobres e fracos, como guardadores de dias e meses, preocupados com a aceitação divina baseada em obras e não na graça (Gálatas 4:8-11).
A ilustração de Paulo sobre a relação pessoal entre ele e os Gálatas ressalta o impacto dessa mudança. Ao falar sobre o tempo em que estava entre eles, enfermo na carne, ele relembra como eles o acolheram como se fosse o próprio Cristo, num ato de amor genuíno. Toda aquela familiaridade, baseada na verdade do evangelho, mostra como a relação abrigava o amor sem interesses, contrastando com o momento atual onde os Gálatas foram seduzidos por falsos mestres, cuja intenção era apenas trazer para si próprios dependência e louvor (Gálatas 4:12-20).
O que esses falsos mestres faziam era explorar interesses pessoais dos Gálatas, afastando-os da verdadeira liberdade em Cristo para que se tornassem dependentes deles e de suas doutrinas. Paulo, ao contrário, se dispôs a sofrer novamente as dores de parto até que Cristo fosse formado nos corações dos Gálatas, mostrando a verdadeira liderança cristã que se preocupa com o amadurecimento espiritual e a liberdade do indivíduo ao invés de subjugá-lo para interesses próprios. Isto mostra que a verdade do evangelho nunca é sobre mérito ou interesses pessoais, mas sobre graça e transformação verdadeira.
O verdadeiro evangelho nos livra de uma devoção motivada pelo "favor e pavor" com o qual idólatras tentavam manipular seus deuses. Ao contrário, nos liberta para servir a Deus por gratidão e amor pelo Seu inestimável dom da salvação concedido sem merecimento algum. O evangelho puro transforma relações em alianças, onde o que importa não são afinidades pessoais, mas o compromisso com a Verdade. Essa transformação é um processo contínuo, comparado às "dores de parto", onde o objetivo é que Cristo seja formado em nós, abandonando toda motivação egoísta para nos tornar verdadeiros seguidores do Caminho.
A verdade do evangelho é simplesmente esta: nossa relação com Deus, nossas interações com os outros e nosso serviço no Reino devem estar centrados em Cristo e na Sua graça, excluindo os interesses pessoais. Quando as relações são delimitadas pelo interesse pessoal, seja na forma de méritos religiosos ou doutorados em busca de aplausos, deixamos de ver frutos verdadeiros do Espírito. Por isso, Paulo conclama para que a pureza do evangelho seja a guia, que nos liberta e nos forma à imagem de Cristo.
Categoria: perdão