
Evangelho e Fé
Em nossas jornadas espirituais, frequentemente enfrentamos a tentação de acreditar que podemos, de alguma forma, aperfeiçoar ou completar a obra já realizada por Cristo. Esta tentação não é nova. No terceiro capítulo de Gálatas, Paulo expressa sua frustração com os Gálatas, que estavam sendo seduzidos pela ideia de que obras da lei poderiam adicionar algo à sua salvação. Em essência, Paulo está questionando: Será que Jesus não fez o suficiente?
Neste trecho, ele se dirige aos gálatas com uma repreensão amorosa, chamando-os de insensatos por permitirem que fossem fascinados a tal ponto que se afastassem da verdade que a fé em Jesus Cristo é suficiente. Parece que as práticas legais e rituais estavam se infiltrando em suas crenças, alimentando a noção de que a salvação exigia acréscimos ao sacrifício de Jesus.
“Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da lei para praticá-las” — Gal. 3:10. Isso servia para lembrar os gálatas (e a nós) que a tentativa de seguir a lei por si só nos coloca sob maldição, pois ninguém consegue observar plenamente suas exigências. No entanto, a boa nova é que Cristo nos resgatou dessa maldição (versículo 13), assumindo Ele próprio a maldição em nosso lugar, para que pudéssemos viver em liberdade, recebendo o Espírito pela fé.
Paulo usa o exemplo de Abraão para reforçar que o verdadeiro filho de Abraão é aquele que tem fé, e não aquele que apenas realiza obras da lei. Abraão foi um modelo de fé, escolhido por Deus antes mesmo de praticar qualquer obra significativa. Tendo essa compreensão, podemos ver que a fé precede as obras e é, na verdade, o que nos leva a realizar boas obras, não como um meio de salvação, mas como um fruto da salvação.
Essa reflexão nos leva à questão de como estamos nos relacionando com Deus. Será que vemos nossa jornada espiritual como uma série de tarefas que nos tornam merecedores de bênçãos, ou entendemos que tudo já foi conquistado por Cristo, e que nossas ações são uma resposta à incrível graça que recebemos?
Ainda hoje, somos confrontados com a escolha entre a confiança na suficiência de Cristo e a busca por segurança em ações próprias. Devemos lembrar que nenhuma ação pode nos tornar mais aceitos diante de Deus do que já somos pela fé em Jesus. Ao vivermos no Espírito, praticamos boas obras como um reflexo da transformação que Ele opera em nós, e não como um esforço para conquistar Seu favor.
Reconhecemos que, frequentemente, o mundo nos oferece versões diluídas e alteradas do evangelho. Portanto, é fundamental retornar constantemente à verdade que nos alcançou, lembrando que nada além do sacrifício de Cristo é necessário para nossa salvação. Assim, experimentamos a verdadeira liberdade que Ele nos prometeu.
Reflexão
- Como tem sido sua percepção sobre fé e obras em sua vida espiritual? - Existe algo que você tem tentado adicionar ao evangelho, talvez inconscientemente, para sentir mais aceitação por parte de Deus? - Ao lembrar do momento em que você foi alcançado pela graça de Deus, quais foram as circunstâncias que o rodeavam? - Quais passos práticos você pode dar para viver mais plenamente na liberdade que Cristo já conquistou para você?
Categoria: fé