Nossa Vida e o Pão de Cada Dia

A oração do Pai Nosso, ensinada por Jesus, traz à tona a importância da comunhão com o divino antes de focarmos em nossas próprias necessidades. "Oração não é só pedir", Jesus nos ensina. Ele nos convida a reconhecer que a nossa vida está intimamente ligada ao propósito maior de Deus, à sua realização entre nós.

A certeza do amor de Deus se manifesta, acima de tudo, na entrega de seu Filho para a nossa redenção. Portanto, cabe a nós não questionar esse amor com dúvidas mesquinhas sobre problemas cotidianos. Tal como uma criança que reclama que a mãe não a ama porque não a levou ao shopping, precisamos crescer na fé, entendendo que Deus, muito além dos presentes que desejamos, nos sustenta e nos nutre diariamente com cada murmúrio do coração.

Um dos principais pontos dessa oração é: "O pão nosso de cada dia nos dá hoje." Vivemos em um mundo constantemente preocupado com o acúmulo, sempre em busca do "mais". No entanto, a essência do ensino de Jesus é a simplicidade de confiar em Deus para as necessidades diárias. Nos tempos de Jesus, "pão de cada dia" era uma expressão carregada de necessidade básica, uma expressão do sustento físico essencial.

Essa geração judia que ouviu Jesus falava de um passado de lutas e conquistas provisórias contra grandes impérios. Após cem anos de resistência na mão dos gregos, logo se viram subjugados pelos romanos. Muitas vezes, a visão dos povos se baseava no medo da falta de amanhã. Jesus contradiz essa visão dizendo que o pão é nosso.

Será que compreendemos que o pão é compartilhado? Jesus nos desafia a transcender o egoísmo moderno, onde a felicidade está diretamente associada ao que possuímos. A verdadeira felicidade se encontra na compreensão de que quando um tem, todos têm. Essa verdade é contracultural, mas faz parte da essência do cristianismo.

O convite de Jesus ao pedir o nosso pão diário é um chamado à confiança. O mesmo Deus que cuidava do povo de Israel no deserto, oferecendo-lhes maná a cada manhã, também assegurou que ao entrar na terra prometida, eles não precisariam mais do maná, pois já teriam colheitas próprias. Assim, cada novo dia traria consigo suas próprias bênçãos e desafios.

Portanto, sejamos gratos pelo pão de hoje, sabendo que Deus cuida de nós e não precisa que acumulemos para nos sentirmos seguros. A segurança verdadeira está em saber que o pão que alimenta nosso corpo e alma vem do nosso Pai, Aquele que antevê nossas necessidades e prepara o cuidado diário.

A fé no provisionamento divino nos convida também a repartir, a agir segundo a lei do amor cristão, sem esperar que instituições humanas nos forcém a isso. O pão que Deus nos dá não se limita ao nosso prazer ou conforto. Deve ser um meio de abençoar outros, de testemunhar que nossa missão é compartilhar, por isso, o pão é nosso.

Em última análise, quando oramos pelo nosso pão de cada dia, afirmamos confiança inabalável de que, hoje e sempre, Deus proverá.