Devocional
Salmos 3:1-8
Orar e falar o quê?
**Eu sei que você já quis quebrar o queixo de alguém. Mas você já pediu para Deus fazer isso?**
Na cultura atual, é muito comum ouvirmos que o cristianismo é uma ferramenta de opressão do indivíduo. A figura poderosa e vingativa do Deus Pai está pronta para punir sem nos ouvir. Por causa disso, os cristãos são vistos como reprimidos e infelizes, inibidos totalmente pelas extensas leis de um Deus distante. Isso não poderia estar mais longe da verdade — e a oração é a maior prova disso.
No Salmo 3, o rei Davi nos dá um grande exemplo de como a oração deve ser. Ele lamenta, reclama, praticamente pragueja contra os seus inimigos e depois glorifica ao Senhor. Neste livro, são vários os momentos em que o antigo rei da tribo de Judá pede maldições e punições por parte de Deus. E pode até parecer estranho para você o que vou dizer, mas ele faz muito bem ao orar assim! Eu explico:
Mesmo diante de momentos difíceis como a humilhação, perseguição e injustiça, **Davi não se afasta de Deus**. Ele sofre, mas ele sofre com Deus; ele se irrita, mas entrega sua ira ao Senhor. Afinal, todo o consolo e justiça cabem a Deus e a Ele somente. Ele é o único capaz de transformar lamento em alegria (Sl 30.11-12), tribulação em esperança (Rm 5.3-4) e ansiedade em alívio (Sl 94.19). **Mas nada disso é possível se não orarmos.**
O mandamento de orar sem cessar feito em 1 Tessalonicenses carrega uma profunda sabedoria. Paulo, em sua carta, sabia que a firmeza que os leitores tanto precisavam só podia ser alcançada através da oração — isto é, do relacionamento próximo com Deus. **Orar não é só uma lista de pedidos ou até mesmo de elogios a Deus, mas uma conversa, um compartilhar. E é um compartilhar completo — até das coisas que parecem insignificantes. Deus quer ouvir de nós sobre tudo, cada detalhe, cada medo, cada coisa boba. Ele tem completo interesse em nossas vidas.**
Então, diante dessa visão mais “davídica” da oração, quero te convidar a ser um salmista tão revoltado e sofredor quanto o antigo rei. Você está com raiva da sua família? Fale para Deus. Você está em uma situação tensa no trabalho? Conte para Ele. Você quer que a injustiça acabe? Peça a Deus! Fale tudo: cada desejo, raiva, tentação — só assim Ele poderá te dar consolo. **Precisamos nos abrir com Deus para que sejamos curados por Ele.**
Só lembre-se de algo importante: a entrega é difícil e, por vezes, frustrante. Pode não ser da vontade de Deus que o queixo de tal ímpio seja quebrado, e, às vezes, pode parecer que sua derrota está sendo permitida. De vez em quando, não importa o quanto oramos, a situação não irá mudar — mas nosso coração, sim. Portanto, reclame, chore, ire-se, mas lembre-se de que Deus é o Senhor. A Justiça e o Destino pertencem a Ele, não a você. **E o mais importante: o amor dEle por você é maior do que qualquer dor.**
Devocional
João 4:23-24
Por que adoramos?
Nós, discípulos de Jesus, somos direcionados pelo Senhor para praticarmos as disciplinas espirituais, para crescermos intencionalmente e para aprofundarmos o nosso relacionamento com Deus, e uma dessas disciplinas, que são essenciais para a nossa caminhada, é a adoração.
A palavra “adoração” tem sua origem do latim “adoratio”, que tem sua raiz nos termos “ad oro”, e significa “oro ou rogo-te”. Em grego se diz λατρεια (latria), e é um termo bíblico e teológico que significa a devoção ou culto que é prestado somente a Deus.
A adoração é gastar as nossas vidas por amor a Jesus. Não é um sentimento, um arrepio ou algo do tipo. É o exercício racional de entregar dia após dia das nossas vidas, sentimentos, horas, minutos, tudo o que temos aos pés daquele que é Digno de tudo! É a prática de deixar de lado nossos anseios, dores e vontades para exaltar quem Jesus é com as nossas atitudes.
Nós adoramos quando glorificamos o nome Dele, quando oramos, quando somos zelosos, quando choramos com os que choram e nos alegramos com os que se alegram. Estamos adorando a Jesus guardando a palavra Dele em nosso coração, ao amarmos nossos inimigos, ao perdoarmos.
**Você já parou pra pensar por que temos um momento de louvor e adoração nas igrejas?**
Esse momento tão precioso em nossos cultos servem para, como um só corpo, voltarmos os nossos olhos para Jesus e declararmos as verdades de quem Ele é e nosso amor por Ele. É uma pratica espiritual que nos molda a termos uma vida cristã mais profunda e saudável. É um pouquinho do que viveremos fazendo na eternidade. E tudo isso não é algo mistíco.
Esperar em momentos como esse um arrepio é imaturidade espiritual, pois você ainda não entendeu como o mover do Senhor funciona. Claro que podemos no arrepiar e sentir a presença através de sentimentos, o Espírito Santo pode falar conosco de inúmeras formas, mas esperar que a nossa adoração seja verdadeira unicamente na condição se sentirmos algo mostra a nossa falta de conhecimento de quem Jesus é, e nosso desejo de controlar o mover dEle de acordo com a nossa vontade.
Em João 4:23-24 diz: “Mas vem a hora — e já chegou — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. Porque são esses que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.”
Esse versículo não diz que chegou a hora em que o Espírito Santo vai nos arrepeiar e nos fazer chorar compulsivamente, e com quem acontece isso, esses sim são os adoradores que o Pai procura. Não, muito pelo contrário, Ele só fala sobre o nosso coração e como deve ser a nossa adoração: em espírito e em verdade. No contexto do verso citado, podemos ver a simplicidade da conversa entre Jesus e a mulher Samaritana. Mas quando as verdades são reveladas, através do nosso Senhor, todo o contexto muda, não fisicamente, mas espiritualmente no coração da mulher, em espírito e em verdade ela entendeu quem Ele era, e assim entendeu quem ela era, e apartir desse conhecimento, ela sai anunciando e adorando o nome de Jesus.
“Ele nos libertou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a remissão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. Pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja. Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para ter a primazia em todas as coisas. Porque Deus achou por bem que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. E vocês que, no passado, eram estranhos e inimigos no entendimento pelas obras más que praticavam, agora, porém, ele os reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e irrepreensíveis.” Colossenses 1:13-22.
Essa verdade é o suficiente para adorarmos a Deus, com toda a nossa vida e todo o nosso tempo, de forma racional, independente dos nossos sentimentos, mentes e corações enganosos. Nos molda e nos ajuda a fortalecermos a nossa fé e permirtmir que Deus renove as nossas mentes, para que vivamos a boa, perfeita e agradável vontade do Senhor (Romanos 12:1-2).
Agora te desafio a refletir como tem sido a sua vida de adoração. Ela só existe no momento de louvor dos cultos ou você tem vivido uma vida de constante adoração? Você tem esperado que o Espírito Santo haja de certa maneira para você "conseguir” adorar verdadeiramente? Ore sobre isso, e deixe o Senhor ministrar em seu coração, e peça para que Deus te ensine a adorar na maneira que suba como perfume agradável a Ele.
Devocional
Lucas 5:33-39
Jejum ou Dieta?
Certa vez ouvi a seguinte frase “ jejum sem oração é dieta”, fiquei refletindo sobre o assunto, será que entendemos a real dimensão dessa disciplina espiritual? Jesus no evangelho de Lucas nos traz uma percepção sobre o jejum. (Leia Lucas 5:33-39)
Os discípulos de João e os fariseus tinham o hábito de jejuar, mas os discípulos de Jesus não. Quando questionado, Jesus explica “ como poderiam eles jejuar se o noivo estava com eles?” Naquele tempo o jejum acontecia, geralmente, por uma tristeza profunda, uma aflição de alma (Mt. 9:15; Et 4:1-3), então como poderiam eles estarem tristes, se desfrutavam da presença do Cristo? Mas Jessu alerta que "haverá um tempo em que o noivo lhes será tirado; naqueles dias jejuarão" (Lc 5:33-35).
Como discípulos de Cristo o jejum deve ser parte da nossa caminhada de fé, afinal lutamos constantemente contra a nossa natureza caída. **O jejum nos faz perceber o quão refém somos de coisas pequenas, como comer por exemplo.** Nos levando a um lugar de entrega, pois cada “ronco” do estômago lembra o quanto somos dependentes da graça. Desenvolvemos intimidade pois apertamos um “**pause**” em coisas que agradam a carne e voltamos os olhos as coisas que são do espírito (Is 58:7-12), dedicando e entregando esse tempo para consagração, arrependimento, relacionamento, pois o propósito primário do jejum é nos aproximar de Deus (Jl 2:12-13). Mesmo que tenha um propósitos/motivos para jejuar, eles serão secundários e não há problema em colocar metas, desde que levem, sempre, ao propósito primário, aproximar e fortalecer o nosso relacionamento com Deus.
Jesus ainda completa com duas parábolas, sobre o remendo novo e o vinho novo (Lc 5:36-39). Assim, como podemos esperar o novo de Deus se mantemos as estruturas da velha vida? Como podemos viver o extraordinário se estamos perdidos no ordinário, deixando que a vida espiritual entre em um modo automático, tornando comum, acomodando e vivendo uma mornidão espiritual, deixando a intimidade tornar-se **religiosidade**.
Há muitos motivos para deixarmos de comer, seja exame médico, correria do dia, então como diferenciar? O jejum está conectado a oração, eles caminham juntos, pois se estamos buscando algo da parte Deus, conversamos com ele. Sem oração, é apenas uma dieta restritiva, perdendo sua essência. A oração é parte do jejum, como adoração e expressão da graça, e assim estaremos sensíveis ao espírito e vivendo longe dos desejos da carne.
Uma coisa muito importante é que em Mateus 6:16 Jesus diz “**\_Quando\_** vocês jejuarem” e não “**\_Se\_** vocês jejuarem”. Então, se o jejum ainda não faz parte das sua vida de discípulo de Cristo, esta é a oportunidade para começar, pois não é uma opção de “sim ou não” mas de “em que momento”. O jejum é um convite para se revestir, criar espaço para uma vida nova, pois não podemos continuar a viver de remendos, antes devemos buscar a plenitude que há em Cristo Jesus.